O papel principal desta obra cabe ao Cine Bijou, um pequeno cinema especializado em filmes de vanguarda que funcionou na praça Roosevelt, em São Paulo, de 1962 a 1996, frequentado por estudantes, intelectuais, artistas, militantes de esquerda - e por Marcelo Coelho, em seus quinze, dezesseis anos. O autor apresenta, por meio de um texto memorialístico, de cunho assumidamente autobiográfico, suas experiências no cinema, único onde conseguia assistir a filmes proibidos para menores de dezoito anos - embora muitas vezes ele mesmo não entendesse nada do que se passava na tela. À censura etária somavam-se ainda as proibições que atingiam também os adultos, em tempos de ditadura militar. Os desenhos de Caco Galhardo são inspirados em cartazes como os de 'Laranja mecânica', 'O último tango em Paris', 'A classe operária vai ao Paraíso', 'Blow Up', 'Meu tio' - valendo-se ainda de sua experiência com o cartum -, criou micronarrativas em quadros cinematográficos. O artista trabalhou ainda com referências fotográficas de época para desenhar lugares e pessoas, como o Cine Bijou e o teatro Cultura Artística, e o jornalista Vladmir Herzog.