Contos Estranhos

Contos Estranhos Ambrose Bierce


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Ambrose Bierce foi considerado um mestre do inglês puro por seus contemporâneos, e praticamente tudo o que produziu era notável por sua formulação criteriosa e economia de estilo. O autor escreveu em uma significante variedade de gêneros literários e seus contos são frequentemente listados entre os melhores do século XIX. Além de suas histórias de fantasmas e de guerra, também publicou vários volumes de poemas. Suas fábulas fantásticas anteciparam o estilo irônico do grotesco, que se tornou um gênero mais comum no século XX.

"Contos estranhos" de Ambrose Bierce é uma coletânea de trinta e quatro narrativas curtas do autor, algumas inéditas no Brasil, que abrangem todo o período de sua carreira literária. Na obra, o leitor encontrará desde seus contos mais famosos, como “Uma ocorrência na ponte de Owl Creek”, “Um habitante de Carcosa” e “A coisa maldita”, passando por trabalhos pouco conhecidos ou praticamente desconhecidos pelos brasileiros, como “Chickamauga”, “Óleo de cão”, “O funeral de John Mortonson”, “Um cavaleiro no céu”, “A coisa em Nolan”, “Os olhos da pantera” e muitos outros. Histórias sobre desaparecimentos inexplicáveis, aparições fantasmagóricas, licantropia, execuções militares, muitas das quais passadas na Guerra da Secessão, e que demonstram todo o poder de concisão de um dos grandes nomes da literatura dos Estados Unidos.

“A história é um relato, em sua maior parte falso, de eventos, em sua maior parte sem importância, que são provocados por governantes, em sua maior parte canalhas, e soldados, em sua maior parte idiotas”.

Ambrose Bierce (1842 – desaparecido em 1914)

Comentários satíricos, memórias sobre a agonia da guerra e histórias sobrenaturais existem na literatura desde o surgimento da escrita, e provavelmente em todas as culturas. Do século XIX até os dias de hoje, por exemplo, é possível atestar a popularidade de tais gêneros através do enorme apelo que possuem junto ao mercado editorial (livros de ficção e crônicas jornalísticas) e à indústria cinematográfica. No entanto, e até de forma irônica, poucos são os escritores criativos destas categorias que permanecem populares no cânone ocidental, em especial no horror. Neste cenário, destacam-se as narrativas curtas de Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft, geralmente estudadas como referência de estilo e de enredo para novas obras nos cursos de literatura.
Dentre os autores considerados ícones da literatura de guerra, horror, poesia ácida e sátira social, Ambrose Gwinnet Bierce, jornalista, poeta, contista, romancista, fabulista e mestre da escrita, frequentemente é pouco lembrado.

Como autor de sátiras, conquistou o apelido de Bitter Bierce (Amargo Bierce), em razão de não poupar absolutamente ninguém de suas críticas mordazes. Por outro lado, fomentou jovens talentos, como Jack London, motivado pelo seu feroz ideal de perfeição na escrita. Como autor de histórias de guerra, foi o único que realmente lutou como soldado na linha de frente da Guerra Civil dos Estados Unidos. Na literatura de horror, invocou suas memórias da época do campo de batalha, adornadas com toques metafísicos e sobrenaturais, a fim de servirem como pano de fundo para a “atração à morte em suas formas mais bizarras”, semelhante ao estilo de Poe, além de evidenciar sua afeição pelas histórias de fantasmas narradas “ao redor da fogueira”.

Mestre no estilo irônico do “grotesco”, superava até mesmo Poe, na mente de muitos leitores, como “o mais controverso dos humoristas controversos”. H. P. Lovecraft, o autor mais proeminente do macabro na primeira metade do século passado, descreveu o trabalho de Bierce como “sombrio e selvagem”, mas outros críticos discordam, citando a “personalidade neutra e estranhamente sociável” de suas narrativas, o que tornava o horror ainda mais intenso.

De fato, ao longo dos séculos XX e XXI, inúmeros contos, romances, filmes e séries de televisão obtiveram sucesso a partir dos modelos desenvolvidos por Bierce. Acredita-se que seus contos “Haita, o pastor” e “Um habitante de Carcosa” influenciaram o escritor de ficção weird Robert W. Chambers no desenvolvimento de “O rei de amarelo”. Além disso, sua obra recebeu adaptações em diversas mídias. “A coisa maldita” foi adaptada, em 2006, na série de televisão “Mestres do horror”, num episódio dirigido por Tobe Hooper, o lendário diretor de O massacre da serra elétrica . Uma ocorrência na ponte de Owl Creek , seu conto mais célebre, foi adaptado em, pelo menos, três filmes, um episódio de Além da imaginação , outro de Alfred Hitchcock apresenta , e em diversos programas de rádio da emissora CBS. Em 2005, Kurt Vonnegut, autor do clássico romance Matadouro 5 , considerou Owl Creek o “melhor conto da literatura americana”.

No fim da vida, aos 71 anos, Ambrose Bierce escreveu a história mais interessante de todas ao desaparecer da face da Terra durante uma aventura no México, que se encontrava no meio da revolução. Alguns acreditam que tenha se alistado no exército de Pancho Villa, e especulam até mesmo a hipótese de o escritor ter sido fuzilado sob ordens do líder mexicano, em virtude de seu estilo sincero e implacável.

O próprio Bierce, inclusive, é personagem em mais de cinquenta romances, contos, filmes, séries televisivas, peças teatrais e histórias em quadrinhos. Aparece em obras de escritores tão famosos como Ray Bradbury, Carlos Fuentes e Winston Groom. Este último, aliás, utiliza Bierce como personagem em seu romance “El Paso”, o primeiro desde a publicação de sua obra mais famosa: Forrest Gump . Nele, Bierce é executado pelo próprio Villa. Don Swain escreve sobre a vida do escritor no romance de ficção histórica The assassination of Ambrose Bierce: a love story , de 2015.
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LISTA DE CONTOS

– Uma carga de gatos (A cargo of cat, 1885);

– Uma revolta dos deuses (A revolt of the gods, 1886);

– Um habitante de Carcosa (An inhabitant of Carcosa, 1886);

– Morto em Resaca (Killed at Resaca, 1887);

– O homem que saía do nariz (The man out of the nose, 1887);

– Uma cova sem fundo (A bottomless grave, 1888);

– Presente a um enforcamento (Present at a hanging, 1888);

– Um filho dos deuses (A son of the gods, 1888);

– Meu assassinato favorito (My favorite murder, 1888);

– Uma corrida inacabada (An unfinished race, 1888);

– A dificuldade de atravessar um campo (The difficulty of crossing a field, 1888);

– Chickamauga (Chickamauga, 1889);

– Um cavaleiro no céu (A horseman in the sky, 1889);

– Um vigilante dos mortos (A watcher by the dead, 1889);

– O homem e a serpente (The man and the snake, 1890);

– Uma ocorrência na ponte de Owl Creek (An ocurrance at Owl Creek bridge, 1890);

– Óleo de cão (Oil of dog, 1890);

– A coisa em Nolan (The thing at Nolan, 1891);

– O hipnotizador (The hypnotist, 1893);

– A coisa maldita (The damned thing, 1893);

– Os olhos da pantera (The eyes of the panther, 1897);

– O mestre de Moxon (Moxon’s Master, 1899);

– Um diagnóstico de morte (A diagnosis of death, 1901);

– Um homem com duas vidas (A man with two lives, 1905);

– Uma prisão (An arrest, 1905);

– Uma mensagem sem fio (A wireless message, 1905);

– A alucinação de Staley Fleming (Staley Fleming’s hallucination, 1906);

– O funeral de John Mortonson (John Mortonson’s funeral, 1906);

– Duas execuções militares (Two military executions, 1906);

– O estranho (The stranger, 1909).

Aventura / Comunicação / Contos / Drama / Entretenimento / Ficção / História / Literatura Estrangeira / Suspense e Mistério / Terror

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on 2/7/22


A primeira coisa que me chamou a atenção nesse livro foi a introdução sobre a vida do autor, na qual descobri que ele desapareceu durante uma das Guerras Mundiais, após enviar uma carta enigmática a uma amiga, e nunca mais foi visto. Eu já queria ler o livro, e depois dessa história, quis ler duas vezes. Os contos são todos ambientados em um cenário de guerra ou um acampamento de soldados. Alguns fogem um pouco disso, mas sempre tem a sombra da guerra pairando sobre a narrativa, mesm... leia mais

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