Introdução
Muitas pessoas no meio evangélico, pessoas detentoras até mesmo de certo grau de estudo, de certo nível de conhecimento, têm dúvidas sobre o que a ciência e a Bíblia falam acerca da cura interior. E é sobre isso que vamos falar nesta mensagem.
Cura interior é:
A cura da alma do homem, assim conhecida tanto na sociedade como no meio evangélico. O tratamento começa quando passamos a buscar a causa da enfermidade e tentamos ajudar a pessoa a livrar-se dos traumas existenciais.
Derrubando o mito de que o evangélico é alienado
Nós, os evangélicos, que seguimos os ensinamentos de Cristo e procuram os pautar a nossa vida pelas Escrituras Sagradas, jamais desprezamos a ciência, pelos seguintes motivos:
O próprio Jesus disse que os doentes precisam de médico (ver Mt 9.12)
1.2 — Jesus crescia em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52)
As doenças da alma
São manifestadas por meio de um esgotamento físico violento ou um esgotamento emocional profundo, o qual pode resultar em confusões emocionais e mentais, e surtos psicóticos. Se a pessoa não tomar a medicação adequada poderá contrair um desequilíbrio grave.
Eis algumas recomendações quanto ao uso de antidepressivos:
2.1 — É preciso estar atento e ser cauteloso, porque a pessoa pode sair de um problema e entrar em outro, tornando-se um dependente químico
2.2 — Não tome psicotrópicos sem necessidade, apenas para fugir de sofrimentos emocionais
2.3 — A maioria das doenças que envolvem a alma do homem não se cura com remédios da alopatia ou da homeopatia, mas com ajuda espiritual
Subsídio psicológico
Na linguagem bíblica, na maioria das vezes a palavra alma é traduzida como coração, e deve ser entendida como a sede da inteligência, dos sentimentos, da vontade e das emoções do homem, onde ficam localizadas as lembranças boas ou más.
Estas ficam escondidas no coração e, com o passar do tempo, aparecem, provocando atitudes e comportamentos inexplicáveis, fazendo a alma adoecer: mensagens negativas — resultantes de um passado sofrido, más lembranças —, correria do dia a dia, violência nas ruas, luta pela sobrevivência de um modo geral, medo, vingança, ódio, orgulho, traumas de infância, comparações, humilhação, abuso, inconstância, mentir a, brutalidade, grosseria, vaidade, ansiedade, malícia, injustiça, perdas em geral, indecisões, relacionamentos fracassados, abandono psicológico, rejeição, entre outros.
III. Pontes produtoras das doenças emocionais
Várias são as fontes que produzem doenças emocionais. Destacamos aqui algumas delas:
3.1 —A família
A família pode transferir-nos coisas boas e, assim, tornar-nos indivíduos de personalidade estruturada ou pode transmitir-nos coisas ruins, e ser responsável por tornar-nos indivíduos de personalidade desajustada. Nós somos, tanto no aspecto genético como no espiritual, reflexo dos nossos antepassados e dos parentes imediatos com quem convivemos.
3.2 — A cultura secular
Muita gente pensa que será menosprezada e inferiorizada se não atingir determinado nível ou posição social, não conseguir conquistar certo nível de salário, não comprar o que todos estão comparando, não tiver um carro do ano, ou não se vestir de determinada maneira. Esses são comportamentos da cultura secular que podem produzir doenças da alma.
3.3 — A religião legalista
No meio legalista, não se pode errar. A pessoa é obrigada a obedecer. Se não atingir um determinado padrão de perfeição, não poderá viver naquele meio. Conseqüentemente a pessoa passa a esforçar-se ansiosamente para alcançar tal padrão. A religião legalista, sem amor e graça, impõe regras que podem gerar doenças da alma.
3.4 — As escolhas erradas
O ser humano é dotado de inteligência, vontade própria, sentimentos e livre-arbítrio, o que o torna responsável por suas próprias escolhas. Sendo assim, a pessoa pode assumir procedimentos errados, e atrair para si muitas doenças na área emocional, no que tange à sua alma, porque o remorso dói e as conseqüências são inevitáveis (Lm 3.39).
3.5 — O abandono de Deus
Nos dias de hoje muita gente tem abandonado Deus e passado a viver a sua própria deidade. E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém (Rm 1.28). O sentimento é uma faculdade da alma. E, cada vez que o homem despreza Deus, fica entregue a sentimentos perversos, sendo levado a padecer de muitas doenças emocionais.
Outras fontes produtoras das doenças da alma
4.1 — Não saber lidar com a graça de Deus
– Graça é favor imerecido. Ninguém merece nada. Deus simplesmente nos deu o Seu perdão e amor sem que nós os merecêssemos (Jo 3.16). Mas há pessoas que têm dificuldade de aceitar isso, pensam que não podem ter seus muitos pecados perdoados sem pagar algum preço ou passar por sofrimento. Por isso, contraem doenças emocionais graves.
Essas pessoas não conseguem refletir sobre o fato de:
4.1.1 — O Senhor ter-nos conhecido antes de sermos formados no ventre (Jr 1.5)
4.1.2 — O Senhor ter-nos amado com amor eterno (Jr 313)
4.1.3 — O Senhor ter tornado os nossos pecados brancos como a neve (Is1.18)
4.1.4 O Senhor ter lançado todos os nossos pecados nas profundezas do mar (Mq 7.19)
4.1.5 — O Senhor jamais se lembrar de nossos pecados (Hb 10.17).
4.2 — A falta de perdão
Quem não perdoa vive amargurado, complexado, com o coração ferido, com sentimentos maus em relação àqueles que, na sua história de vida, machucaram-no. Como não sabe vivenciar a graça, não consegue viver com seus sentimentos de amor, perdão, renúncia e tolerância. É preciso que retiremos de nosso coração sentimentos negativos como ódio e mágoa e que consigamos perdoar nosso irmão.
4.3 — A espiritualidade excessiva
Muitos cristãos querem espiritualizar tudo — é o que se chama de pseudo espiritualização. Essas pessoas têm se comportado como se não fossem seres humanos, nunca choram ou ficam tristes, tentam apresentar uma determinada postura que de fato é uma mentira. Elas dão glória a Deus até quando um filho morre, dizem que o cristão não fica triste, que tem de ser vitorioso em tudo. Porém, pessoas que se comportam assim podem tornar- -se doentes emocionalmente ou ficar loucas.
4.4 — A opressão
A opressão é o ato de humilhar, tiranizar, sobrecarregar com peso. Ela faz adoecer a alma e apresenta-se como demoníaca ou humana. A Palavra de
Deus nos dá algumas referências sobre esse ato:
4.4.1 — O Senhor não permitiu que o Seu povo fosse oprimido pelos inim igos (SI 105.14)
4.4.2 — O salmista rogou ao Senhor que o livrasse da opressão do homem
(Si 119.134)
4.4.3 — O Senhor ordenou que os israelitas não oprimissem ao próximo
(Lv 25.17)
4.4.4 — O Senhor curou a todos os oprimidos pelo diabo (At 10.38)
4.4.5 — A opressão faz adoecer até o sábio (Ec 7.7)
4.5 —A depressão
Muitas são as causas que levam uma pessoa à depressão. Entre elas estão medo, vingança, ódio, orgulho, comparações, abuso, inconstância, complexos, mentira, grosseria, brutalidade, violência, selvageria, vaidade, ansiedade, angústia e malícia. Tudo isso, se não for tratado, faz a alma adoecer.
Subsídio doutrinário
Alguns dizem que depressão é coisa do diabo. Na verdade, é algo de cunho emocional, é uma doença da alma. As ciências tentam explicá-la e encontram várias hipóteses, algumas dignas de credibilidade e consideração. Os médicos sabem de muitas origens, mas não de todas. E é fato que, quando a angústia chega, o vazio a cerca, e só Deus pode completar esse vazio do ser humano.
A cura pela ciência
Citamos neste tópico algumas personalidades da psicanálise que abriram caminho para o tratamento e a cura das doenças da alma.
5.1 — Sigmund Freud
Este judeu alemão nascido na antiga cidade de Freiberg (antiga região da Morávia, no extinto Império Austro-húngaro e hoje República Tcheca) foi o fundador da psicanálise e do método de investigação psicológica empregado no tratamento das neuroses por meio da procura das tendências e influências reprimidas no inconsciente do individuo, e do seu retorno ao consciente pela análise.
5.2 — Erich Fromm
Alemão de família judia que deu interpretação própria às finalidades da terapêutica, impondo notações sociológicas ao estudo do ajustamento do indivíduo ao meio social e cultural.
5.3 — Jacques Lacan
Médico francês especializado em psiquiatria, chefe de uma importante escola de psicanálise no país e que exerceu grande influência sobre a psicanálise nacional como intérprete das obras de Sigmund Freud.
A Palavra de Deus é mais importante do que qualquer teoria da psicanálise.
Vejamos por quê:
6.1 — O Espírito de vida nos livrou da lei do pecado e da morte (ver Rm 8.2)
6.2 — O coração alegre é como o bom remédio (ver Pv 17.22)
6.3 — O coração com saúde é a vida da carne (Pv 14.30a)
6.4 — O coração do salmista ficou perturbado por inveja dos ímpios e, só depois de entrar no templo, entendeu o fim deles (ver Si 73.1 7-1 9)
VII. A cura por intermédio da Palavra
A maioria das doenças da alma não deveria ser tratada com remédio, mas sim com a Palavra de Deus. Como Ele nos criou, conhece-nos e entende-nos mais do que qualquer psicanalista ou psicólogo. A Palavra de Deus penetra na divisão da alma e do espírito (Hb 4.12) e abre os nossos olhos quanto aos pecados que podem causar doenças espirituais (1 Co 6.9-11).
VIII. Receitas para a cura da alma
Apresentaremos agora algumas receitas para a cura interior:
8.1 — Análise introspectiva
Se você está vivendo uma situação como a do salmista, cujas lágrimas serviam-lhe de mantimento (Si 42.3), saiba que o choro constante é sintoma de depressão. Esta provocava no salmista doenças psicossomáticas, atingindo os seus ossos (Si 42.10). Mas ele obteve uma importante receita no versículo 11.
8.2 — Oração
Essa é uma terapia. Quando você dobra os seus joelhos, pode contar tudo para Deus, falar tudo o que está machucando, sem medo ou vergonha.
Façamos um paralelo entre a terapia humana e a divina. O que acontece com um paciente que está frente a frente com um terapeuta?
Na terapia humana, o segredo é falar o máximo que puder e colocar tudo o que sente para fora. Acontece o processo de transferência, o paciente joga os seus problemas sobre o terapeuta, que, para não ficar doente, faz uma contratransferência.
Na terapia divina, as nossas petições devem em tudo ser conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças (Fp 4.6). O processo é fazer o que a Palavra de Deus nos manda: lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós (1 Pe 5.7).
8.3 — Relacionamentos pessoais
O ser humano é um ser social. Você nunca será uma pessoa inteira, completa, se não tiver e não construir relacionamentos. Quem vive isolado é um forte candidato a doenças da alma. Lembre-se de que nós fazemos parte do Corpo de Cristo (ver 1 Co 12.12,25-27).
8.4 — Relacionamento com Deus
Na psicologia, quando se faz o levantamento do histórico da vida de uma pessoa, faz-se o procedimento que, na medicina, chama-se anamnósia. Realizando o mesmo, busquemos na Bíblia a história de três homens que superaram os momentos de terríveis sofrimentos. São eles:
8.4.1 — José
Ainda adolescente, teve um sonho. Movidos pela inveja, seus irmãos o venderam como escravo a uns mercadores que iam para o Egito (Gn 37.28). José passou por situações de perda e injustiça, tendo tudo para ser depressivo. Porém, em nenhum momento esses sentimentos invadiram a alma dele. Em Gênesis 41.38 e 41.51,52 lemos como esse servo foi exaltado pelo Senhor a ponto de tornar-se governador do Egito.
8.4.2—Jó
Jó, o homem mais rico do Oriente, perdeu, em um só dia, três mil camelos, sete mil ovelhas, quinhentas juntas de boi, quinhentas jumentas e os dez filhos. Qualquer pessoa em seu lugar teria enlouquecido. Mas ele, que costumava oferecer todos os dias sacrifícios por ele e pela sua família (Já 1.5), em meio a esse sofrimento, manteve-se firme. Ele sabia que o seu Redentor vive (Já 19.25-27) e, por isso, Deus virou o seu cativeiro, concedendo-lhe o dobro de tudo quanto tinha (Jó 42.10).
8.4.3 — Paulo
Paulo também teve muitos motivos para ser um homem cheios de complexos na vida. Ele consentiu na morte de Estevão e outros irmãos, e perseguiu os cristãos. Mas, quando conheceu o Senhor, passou a dizer que sabia em quem tinha crido (2 Tm 1.12). E, no final de sua carreira, disse: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé (2 Tm 4.7).
8.5 — Poder do pensamento
Problemas emocionais também são curados pelo poder do pensamento. É por meio dele que articulamos as idéias que vão dirigir as nossas ações. Veja o que Paulo escreveu sobre o assunto em Filipenses 4.8. E devemos estar inconformados com o mundo (Rm 12.2) e despojar-nos do velho homem (Ef4.22,23).
8.6 — Viver cada dia
Jesus recomendou que não nos inquietemos com o dia de amanhã (Mt 6.34). Mesmo assim, existem pessoas que não dormem hoje preocupadas com o que vai acontecer no próximo mês, e mergulham com tal intensidade nesse tipo de preocupação que ficam com o sistema nervoso abalado. Porém, a Bíblia nos convida a nos alegrar no dia que o Senhor fez (Si 118.24).
8.7 — Ter boa expectativa da vida
Existem pessoas que só dizem coisas ruins e negativas, não conseguem ver o lado positivo da vida, e assim atraem para si o que há de pior, provocando doenças na alma. Mas Jesus disse que a candeia do corpo são os olhos (Mt 6.22,23). Por isso, viva com otimismo e sorria, pois a maneira como encaramos a vida dirá se temos trevas ou luz em nosso interior.
Conclusão
Pode ser que você esteja vivendo angústias e tenha marcas profundas na alma, ou esteja tentando superar vários problemas, melhorar sua qualidade de vida, mas, de repente, você se veja caindo novamente naquele túnel de tristeza. Procure, então, orar com sinceridade diante de Deus. Se você derramar o seu coração na presença do Senhor, Ele curará as suas feridas.
Religião e Espiritualidade