Corpo, tempo, língua: percorrendo e enlaçando essas três dimensões da pintura, o autor convida a uma viagem a Lascaux, a Tarquínia, ao Templo dos Dióscuros, às fulgurações da língua latina... 'Da Imagem que falta aos nossos dias' é fruto do contato com um pequeno conjunto de imagens antigas. Quignard mostra que imagens não são coisas acabadas, continuam sendo trabalhadas, continuam trabalhando, moldando nosso olhar e as maneiras de dizê-lo. Faz-nos ver que o momento privilegiado pela pintura nos afrescos italianos era uma questão de suspensão temporal, o pintor flagrava o instante imediatamente anterior à realização de uma ação determinante. Uma das imagens escolhidas é retomada de um texto célebre, de Plínio, o Velho, aquele que viu Pompeia ser engolida pelas cinzas. Durante a erupção do Vesúvio, o naturalista e almirante da frota imperial romana teria ido ao encontro do perigo e perdeu a vida no que pode ter sido a primeira grande operação de resgate da história. Um exemplar de sua "Historia Natural", datado de 1481, era umas das obras mais antigas da coleção do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.
Pascal Quignard (Verneuil-sur-Avre, 1948) é um dos mais importantes escritores franceses da atualidade. Representada em mais de 40 títulos publicados, tais como O Nome na Ponta da língua (1993), Ódio à música (1996), As Sombras Errantes (2002), e Último Reino (2002-18), sua obra atravessa ficção, fábula, poesia e ensaio filosófico, resistindo a um recorte claro de gênero. Invocando ora imagens da Antiguidade, ora a Psicanálise, Quignard desenvolve toda uma gramática de mitologias, fábulas e etimologias imaginadas. Um tênue fio temático, que penetra no insondável da linguagem e no sentimento primordial de perda, sustenta a sua vasta criação literária.
da Pequena Biblioteca de Ensaios, disponível para leitura on-line e acesso gratuitos através do link: encurtador.com.br/ptMP4
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