São doze lições, fruto de um seminário pronunciado na Escola Brasileira de Psicanálise de São Paulo, no qual o autor demonstra como o analista opera na clínica, da palavra ao gesto, do significante ao objeto causa de desejo, do prazer ao gozo que excede a palavra interpretante.
Da mesma forma que para Vinícius a mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, para Lacan a palavra do analisando tem que ter qualquer coisa além do sentido.
Uma análise deve retificar as relações do sujeito com seu gozo; para isso é necessária uma maneira de captar esse gozo que excede a palavra interpretante. Jorge Forbes traça um paralelo entre a posição do analista, nesses momentos, e o ator estudado por Diderot no "Paradoxo sobre o Comediante". Entre ambos, algo em comum: o excesso como forma de assinalamento da verdade.
É igualmente o excesso, aqui estudado, que está na base do ridículo tão temido pelos amantes. Analisar também seria poder se responsabilizar pelo ridículo presente em todo amor. É a responsabilidade e o risco que livram a pessoa de seus remorsos culposos.