A batalha para manter a saúde e prolongar a vida talvez seja a mais antiga da humanidade. Este livro, assinado pelo maior historiador britânico da medicina, explora as engenhosas táticas de guerrilha que a humanidade trava contra a doença em sua luta contra a mortalidade. Cada capítulo aborda subtópicos como a doença, os médicos, o corpo, o laboratório, os tratamentos, a cirurgia, o hospital.Das tripas coração deriva de uma série de conferências realizadas pelo Wellcome Institute na University College de Londres sobre a História da Medicina Ocidental, apresentadas em ordem cronológica – o corpo, por exemplo, sinaliza os avanços na área da anatomia que tornaram possível o desenvolvimento dos exames de laboratório.
Roy Porter analisa as transformações da medicina diante das doenças que têm afligido a humanidade. Aborda desde a saga dos caçadores-coletores da pré-história, passando pela ascensão das sociedades agrícolas às mazelas trazidas pela Revolução Industrial e pelas facilidades do comércio global. O autor examina a mudança de papéis dos profissionais de saúde, desde os antigos xamãs e médicos da tradição hipocrática da Grécia antiga; aponta-nos a linha de evolução dos grandes avanços da cirurgia, das amputações sem anestésicos conduzidas por barbeiros aos sofisticados transplantes contemporâneos. Porter analisa ainda como o hospital – antigo refúgio cristão para convalescentes – tornou-se quartel-general e base do poder da elite médica, as mudanças econômicas da profissão que envolveram dos grandes centros de pesquisa e hospitais universitários aos polêmicos sistemas de seguros de saúde nacionalizados ou privatizados.
Dos remédios da medicina ayurvédica ao Viagra, o autor nos conduz à compreensão de fenômenos como o surgimento de medicamentos que motivaram revoluções sociocomportamentais. Um desenvolvimento marcado pelo Prêmio Nobel de 1945 concedido a Fleming com a invenção do antibiótico, o lançamento da pílula em 1959 e a popularização de psicofármacos como o Prozac nos anos 90. Das tripas coração é um guia objetivo para a compreensão desta evolução no momento em que muitos alcançam uma vida melhor, mais saudável e longa com progressos da medicina, mas nossas preocupações sobre doenças e a nossa desconfiança dos médicos parecem, no século XXI, mais evidentes e complexos do que nunca.
Roy Porter foi professor de História Social da Medicina no Wellcome Trust Centre e de História da Medicina na University College, em Londres. Entre outras obras publicou: London: a Social History, e Enlightment, ganhador do Prêmio Wolfson de 2001. Morreu em 2002.