Afinal, o que é ciência? Como nasceu? Como os cientistas engendram suas teorias? Será que dispõe de um "método" definido que garanta a "verdade" de seu saber? Seria a atividade dos físicos e biólogos "objetiva" e "racional" do início ao fim? Pode-se saber com segurança se uma nova teoria deve ser aceita ou rejeitada?
Para os que adotam uma visão "mística", a ciência seria um conhecimento sagrado e protegido por rígidos tabus. Uma longa tradição, aliás, convida a profanos a venerá-la como uma atividade superior. Atualmente, se o estilo evoluiu, a prosa continua a mesma.
Já para os empiristas, o homem de ciência, dispondo do Método Experimental, garantiria automaticamente o valor dos resultados obtidos: ele seria simplesmente um observador paciente e atento, uma humilde abelha que busca, laboriosa, sua imensa provisão no campo da experiência.
As duas abordagens, contudo, estão de acordo com este postulado: o verdadeiro cientista não tem subjetividade, sendo iluminado e movido pelo Amor ao Saber. O homem de ciência se comporta como se não tivesse afetividade, paixões, cultura, convicções pessoais herdadas de seu meio e de sua educação, como se não tivesse história nem tampouco, é claro, inconsciente. Para adeptos desse purismo cognitivo, como Pascal, "o eu é execrável".
É o exame dessas questões (e de outras do mesmo gênero) que são consagrados os ensaios deste livro. Trata-se de estudos de caso destinados a "complicar" a imagem de diversos manuais e obras de vulgarização apresentam das atividades científicas. Para isso, Pierre Thuillier aborda desde a noção de espaço e perspectiva no Quatrocento até a teoria atômica, de da Vinci a Newton, de Galileu a Darwin, de Arquimedes a Einstein.
Na ciência, a objetividade constitui um ideal. Quem não sonha com a ciência perfeita, que mostre a natureza como ela é? Mas entre sonhos e as realizações, a distância é grande.