Na Toscana assolada pela peste negra em meados do século XIV, dez jovens refugiam-se nas montanhas e passam os dias de forma serena, contando histórias. Eis a moldura narrativa maior de Decameron (do grego, “dez dias”), obra-prima de Giovanni Boccaccio (1313-1375) que, junto com Dante Alighieri e Francesco Petrarca, compõe a tríade das grandes vozes do Renascimento italiano.
Boccaccio, porém, não está preocupado com dimensões divinas ou religiosas: seu tema é a vida humana tal como ela se apresenta, e nas cem novelas contidas no Decameron vemos abordados todos os seus aspectos. Comparado com a literatura medieval, o trabalho de Boccaccio é simplesmente revolucionário. O tratamento realista dispensado à ideia de tempo, a tridimensionalidade dos personagens e, sobretudo, a complexidade do dia a dia, sempre problemática e fugindo a códigos preestabelecidos, garantem a
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