Entre maio de 1936 e outubro de 1944, o escritor Friedrich Reck-Malleczewen escreveu um diário, interrompido quando foi preso e enviado para o campo de Dachau, onde viria a morrer um pouco antes da chegada dos aliados. Nestas páginas, Reck refletia sobre o que era viver na Alemanha de Hitler, da qual era um crítico ácido e intransigente. Além do comovente aspecto humano do relato, o Diário acabou por se tornar um testemunho precioso a respeito da loucura nazista, em boa parte por ser, o autor, um opositor aparentemente improvável: politicamente conservador e ligado à elite bávara, em nada o perfil de Reck faz lembrar o de um típico adversário do Nacional-Socialismo. Nenhum outro depoimento de quem viveu sob o nazismo, na Alemanha, será mais contundente do que este, ao evidenciar que a unanimidade daquele país em torno de Hitler não passou de um mito construído pelo regime.
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