Era uma vez um solitário rapaz que usou sua melancólica companhia para escrever um livro. Querendo esconder-se atrás das verdades ele resolveu trajar o Eu lírico da forma mais absurda possível, sem pudor nas entrelinhas, sem medo de se expor, sem timidez da própria vergonha, vestindo o drama e relatando acontecimentos reais e imaginários, como se fosse um sonho maluco fora de controle, o seu sonho, a sua fantasia mais próxima da realidade, em uma série de poemas, diálogos e contos pornográficos, sacanas, íntimos e tristes.
Aqui apresento meu querido diário, o “DIÁRIO DE UM FELA DA PUTA”, com narrativas envolvendo temas com sexo, quantidades absurdas de álcool, um pouco ou nenhum amor, bem como morte; formando uma mistura chacoalhada de sentimentos, lembranças e emoções, algo tão intrínseco, quanto o meu velho coração de ferro, que derreteu e virou líquido.
Eu mostrei esse diário a uma amiga, que o leu todo em apenas uma madrugada. Eu estava o tempo todo lá, quietinho na minha doce agonia, escutando Belchior, Oswaldo Montenegro, Los Hermanos, músicas que palpitavam a alma, eu estava lá, em meu estado bruto, transbordando em uma taça de vinho para aliviar a dor, olhando fixamente a capa de um livrinho de Neruda que não cheguei nem a abrir. À medida que a leitura se desenrolava, ela sorria, me chamava de “felá da puta desgraçado”, despertando a ira, e, por término, ela chorou, me dando o abraço mais longo que eu já recebera na vida.
Minhas histórias, em alguns momentos, podem até ser engraçadas, mas, no fim, não são nada agradáveis, são deletérios que não seguem os padrões suaves e harmônicos das comédias românticas. Essa tragédia dramática, que é minha estória, agora sem “H”, tem uma fragrância terrível da loucura dos homens, de algo que não é fácil escrever, muito menos publicar.
Drama / Erótico / Literatura Brasileira / Poemas, poesias / Psicologia / Romance