Divina Rima : Um diálogo com a Divina Comédia de Dante Alighieri

Divina Rima : Um diálogo com a Divina Comédia de Dante Alighieri Gilberto Schwartsmann


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Divina Rima : Um diálogo com a Divina Comédia de Dante Alighieri


Prefácio de Antonio Carlos Secchin




[Gilberto Schwartsmann]: '(...) Meu primeiro contato com 'A Divina Comédia' se deu quando adolescente. Minha professora de História, Dona Giselda, disse que, se eu realmente tivesse interesse na boa literatura, deveria ler a obra-prima de Dante Alighieri (1265 - 1321): tratei logo de adquirir uma tradução em português na Livraria do Globo, no centro de Porto Alegre. A funcionária me confidenciou que poderia conseguir outras duas edições, uma em espanhol e outra em italiano. Seu pai vendia livros usados. E me presenteou com outra edição em português, de José Pedro Xavier Pinheiro, de 1965. Dona Giselda surpreendeu-me dias depois com uma tradução para o francês, da Les Meilleurs Auteurs Classiques, editada pela E. Flammarion, de Paris. Tempos depois, adquiri uma edição de 1858, da Librairie de L. Hachette, com notas introdutórias de Pier Angelo Fiorentino. A dimensão universal deste longo e impressionante poema, escrito por Dante em 'terza rima', eu só passei a entender depois de ler os comentários de Borges, numa edição em espanhol, da Oceano. Desde então, coleciono edições e também ilustrações da obra. A Divina Comédia atende a todos os gostos – até no tamanho. Numa livraria em Praga, encontrei uma edição em italiano, de 1911, da Ulrico Hoepli, de Milão, com comentários de Raffaello Fornaciari, que cabe na palma de minha mão. Há belíssimas edições, como a recentemente editada pela Unicamp, com as ilustrações de Botticelli. Neste livro, fiz uso da terza rima, como Dante, na esperança de motivar o leitor a mergulhar no texto original. O prazer de escrever sobre A Divina Comédia só foi superado pela oportunidade de conviver mais de perto com Zoravia Bettiol, que elaborou as ilustrações. É difícil descrever quanto aprendi com esta grande artista brasileira. Zoravia exerceu sobre mim um efeito transformador'.'
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Gilberto_Schwartsmann
https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/poesia-e-prosa-em-lançamentos-1.656990
[Blog do Juremir Machado da Silva no Correio do Povo de Porto Alegre] "Poesia e prosa em lançamentos: da poesia de Dante ao jornalismo de Samuel Wainer" - [17/07/2021 | 9:06]:

"(...) li “Divina Rima, um diálogo com a Divina Comédia de Dante Alighieri”, de Gilberto Schwartsmann, com ilustrações de Zoravia Bettiol - Editora Sulina, (RS). (...) Alcides Stumpf tem razão: a “Divina Rima” de Gilberto Schwartsmann é a “divina ousadia”. Em tercetos, como Dante, o escritor gaúcho entra em sintonia com as musas. Luxo só. A largada já diz tudo. Tem prefácio de Antonio Carlos Secchin, da Academia Brasileira de Letras, que se derrama: “O autor encarou e venceu um arriscado desafio literário: falar de uma obra valendo-se, ao longo de todo o texto, de um dos seus mais célebres recursos poéticos, qual seja, o da terza rima: a utilização sistemática de tercetos em que o verso 1 rima com o 3 e o verso 2 com o 1 do terceto seguinte”. Missão cumprida. Eis:

É difícil imaginar que haja algum leitor
Que ao ler a Divina Comédia não tenha curiosidade
De entender as motivações que levaram este autor

A brincar de terza rima de Dante! A bem da verdade,
Juro que Zoravia é inocente, surgiu em mim a vontade
De imitar o poeta – sem ter a mesma capacidade.

Assim começa. O resultado é um passeio pelo inferno, pelo purgatório e pelo paraíso de Dante tendo Gilberto como guia. Se alguém não conhece Gilberto Schwartsmann, o que me parece difícil, aqui vão algumas pistas: oncologista de renome internacional, professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, autor de “Frederico e outras histórias de afeto” (Libreto), “Meus olhos”, “Acta diurna” e “Max e os demônios”, todos pela Sulina. Médico escritor. Essa é uma tradição bem-sucedida. Gilberto Schwartsmann entrou em literatura para ficar. Conta histórias divertidas e cheias de reviravoltas.

Tem alma de poeta. Encontra na cultura o alimento que faz da vida algo superior. Destaco do seu passeio com Dante este delicioso e envolvente terceto:

O purgatório é esta gleba de areia em forma de chapéu!
Jerusalém por cima! E o monte no extremo contrário!
Fica assim mais fácil compreender o caminho do céu!"
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https://estadodaarte.estadao.com.br/aubert-dante-comedia-03/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dante_Alighieri
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolce_stil_novo
Com a expressão toscana Dolce stil novo ou Dolce stil nuovo ("Doce estilo novo”), Francesco de Sanctis denominou no século XIX um grupo de poetas italianos da segunda metade do século XIII, integrado por Guido Guinizelli, Guido Cavalcanti, Dante Alighieri, Lapo Gianni, Cino da Pistoia, Guianni Alfani e Dino Frescobaldi. A expressão Dolce stil novo provém da Divina Comédia de Dante, especificamente do "Purgatório", canto XXIV, verso 57, («Di qua dal dolce stil novo ch' i' odo»); e é daí que o poeta florentino Bonagiunta da Lucca assim denomina a obra de Dante, em contraposição à lírica medieval trovadoresca'...'

“O Stil Nuovo tem a particularidade de que sua inspiração religiosa não unicamente mística, mas sim que é subjetivista em grau máximo. [...] Esta mentalidade, que lembra as correntes místicas, neoplatônica e averroístas, é, no mínimo, uma profunda sublimação das doutrinas eclesiásticas, é algo autônomo que em todo caso pode ter um lugar no seio da Igreja, mas que, não obstante, se encontra já nos limites da heterodoxia (...) E, de fato, alguns membros daquele círculo eram considerados livres pensadores.” — Erich Auerbach.

O Dolce Stil Novo exerceu uma larga influência sobre os poetas posteriores, especialmente Francesco Petrarca, Matteo Frescobaldi, Franceschino degli Albizzi, Sennuccio del Bene, Giovanni Boccaccio, Cino Rinuccini, etc. Além disso, através da influência do Canzoniere de Petrarca, as convenções do Dolce Stil Novo se expandiram por toda a Europa e marcaram o desenvolvimento da poesia lírica francesa, ibérico, inglesa (salvo a rara exceção de William Shakespeare). (...) O influxo deste estilo literário transcendeu-se até influenciar profundamente em outras artes, por exemplo, na pintura de Sandro Botticelli.

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