O ano de 2009 marca o centenário de nascimento de dom Helder Camara, talvez a figura mais brilhante e polêmica que a Igreja brasileira já produziu. Chamado pela imprensa ora de “bispo vermelho” ora de “santo rebelde”, Helder Camara foi amado pelo povo e odiado pela alta cúpula dos governos militares. Por isso mesmo os julgamentos a seu respeito se polarizam. É fácil transformá-lo em figura mítica com postura rebelde, acima do bem e do mal. Em virtude de sua pregação libertadora em defesa dos mais pobres – que ultrapassou as fronteiras nacionais e continentais – e de sua atuação política e social, foi perseguido e caluniado. É igualmente fácil dizer que ele era o típico padre de passeata, pregador de utopias, manipulador de massas com discurso que misturava Deus e Marx. Difícil é manter a isenção diante de figura tão poderosa. Daí a importância deste livro, escrito por Nelson Piletti e Walter Praxedes. A obra – resultado de intensa pesquisa, numerosas entrevistas e análise objetiva de documentação farta e inédita – não investiga apenas a trajetória de dom Helder. Como toda boa biografia deveria fazer, situa o biografado na História do Brasil, estuda as relações entre militares e a Igreja brasileira e entre esta e o Vaticano. Pela importância do biografado, pelo período que analisa, pela escrita elegante e gostosa de ler, esta obra está destinada a ocupar a atenção dos leitores.
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