Miguel de Cervantes teve uma trajetória indiscutivelmente intensa, percorrendo diversas cidades, combatendo em inúmeras batalhas e chegando até a ficar refém de piratas por cinco anos. Essas experiências certamente contribuíram muito para que criasse, há exatos 400 anos, o incansável e incomparável cavaleiro Dom Quixote, personagem que incorporou os mais utópicos ideais de proteger os fracos e derrubar tiranos. De início, o cavaleiro desperta apenas incompreensão e hostilidade nas pessoas, que o vêem apenas como um louco irremediável, não percebendo que o único defeito de Dom Quixote é não se deixar convencer de que aqueles valores tão caros a ele ficaram para trás. Assim, os leitores mais atentos perceberão que os verdadeiros duelos do Cavaleiro da Triste Figura – e, por que não dizer, da humanidade – são travados entre o idealismo e a realidade perversa, que optou por renunciar à pureza e ao sonho de um mundo perfeito.
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