A peça de teatro Don Juan ou O convidado de pedra foi censurada pela Igreja por toda a vida de Molière. Trata-se de mais do que uma narrativa sobre as conquistas amorosas de um devasso. Don Juan começa sedutor e, num crescente, revela-se ateu, libertino e hipócrita. Apesar desses traços, Molière não cria um personagem completamente mau e lhe confere a generosidade de sua casta. Seu personagem é capaz de grandes maldades e, pela astúcia, transforma, com as palavras, seus defeitos em virtudes. Seus galanteios o predispõem à hipocrisia – o maior de todos os seus vícios. Sempre a seu lado, está Leporelo, a persona moral, que faz ver ao público o malfeito de seu patrão; a própria inépcia de Leporelo é advertência ao excesso de discurso e de estudo, que levam Don Juan às inverdades e pecados do ateísmo e da luxúria.
Drama