Conseguir comunicar é o grande problema da nossa vida. Todos procuramos resolvê-lo e ninguém pode ignorá-lo. A comunicação está no centro das relações pessoais, familiares, sociais, políticas e, cada vez mais, da globalização. No entanto, é permanentemente desvalorizada, suspeita de manipulação, reduzida às lantejoulas ou ao comércio.
"A com" não é sinónimo de comunicação. Foram precisos séculos de combate para a reconhecer e só é autêntica entre individuos livre e iguais. Por essa razão é tão frágil e indissociável da democracia.
Salvar a comunicação significa admitir que ela não se confunde com a informação, porque diz respeito à relação, sempre difícil, com o outro. Comunicar significa, de qualquer modo, ir além das mensagens e das técnicas, por mais sofisticadas e sedutoras que se apresentem. Significa recordar, modestamente, a dimensão humanista da comunicação e aceitar os riscos da incomunicação. Significa também criticar as ideologias que a veiculam e todos aqueles que, sem vergonha, a utilizam ao mesmo tempo que a desvalorizam.
Salvar a comunicação, finalmente, defender o ideal democrático e compreender que comunicar e coabitar fazem parte dos maiores desafios de guerra e de paz do século XXI. A comunicação é sempre uma aposta no outro. Na era da globalização em que o fim das distâncias físicas põe a nu a extensão das distâncias culturais, a comunicação é um valor essencial para evitar que o choque das culturas nos arraste para a guerra das civilizações.
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