Uma mulher solitária recorre a um especialista na esperança de “renovar o órgão primeiro, o bombeador de sensações, a casa mais íntima de um ser humano”. Um homem tira dúvidas numa esquina qualquer. Uma moradora de rua é violentada. Um jovem viajante é forçado a tomar uma vacina. Velhos passeadores de cães desaparecem sem deixar rastro. Nos contos de E se amanhã o medo, Ondjaki concebe um mundo mágico e intimista, numa prosa de tom sereno e melodioso, por vezes absurda.
Agrupadas em duas partes — Horas tranquilas e Conchas escuras, títulos emprestados da Lavoura arcaica de Raduan Nassar — e repletas de referências musicais e literárias, as vinte breves narrativas de E se amanhã o medo apresentam personagens que reflectem o aspecto dramático da vida e conduzem o leitor por paisagens poéticas ora fantásticas, ora realistas. Publicadas pela primeira vez em 2005, receberam os prêmios Sagrada Esperança (Angola) e António Paulouro (Portugal).
Contos / Ficção / Literatura Estrangeira