Em Ecce Homo! (Eis o Homem!) o alemão Friedrich Nietzsche recorre a uma passagem do Evangelho de João (XIX, 5) para apor o título a este livro. Ele, ateu e imoralista declarado, toma a palavra de Pilatos no processo de Jesus de Nazaré, não para apresentar o Cristo que seria condenado à morte à cruz, mas para, sem lavar as mãos como Pilatos nem se oferecer a si próprio ao suplício, apresentar-se como um autêntico sem-Deus e um sem-religião que percorre sua própria vida sob todos os aspectos: físico, intelectual e espiritual.
Escrito em 1888, Ecce Homo! é uma autobiografia. Tem como subtítulo: Como se chega a ser o que se é. Nele, Nietzsche se analisa a si próprio, senta no divã e diante dele está o psicanalista: o próprio Nietzsche. Apesar disso, não é uma sessão de psicanálise do filósofo para mudar sua cabeça; pelo contrário, é o autor alemão falando dele, sem papas na língua, como sempre, aliás. Um livro desconcertante e até mesmo enigmático. É o próprio Nietzsche profundamente nietzscheano.
Filosofia / Literatura Estrangeira