Pasolini era mestre sempre, e era-o por conhecimento, por excentricidade, por rigor ético, por sincretismo, por heresia, por instinto. Inscreve-se tão claramente na posteridade que as cinzas de Gramsci fundaram, quão distintamente dela se distancia por um ecletismo proliferante: de Moisés a Marx, de Freud a São Paulo, de De Martino a Sade. Ele absorve tudo, às vezes de forma confusa, como apontam alguns, numa espécie de puzzle monumental e orgânico que alimenta a sua genial estratégia expressiva.