Peter Sloterdijk empreende nos três volumes de sua monumental obra Esferas nada menos do que a tentativa de narrar a história da humanidade. Para tanto, começa pelas perguntas mais simples: onde vivem de fato as pessoas a partir do momento que lhes fica claro que estão em casa numa esfera, num globo? Para abordar uma resposta a essa pergunta, Sloterdijk desenvolve o conceito das esferas e cobre um leque fascinante e repleto de perspectivas abrangendo desde as culturas mais primitivas até a nossa época globalizada.
Foi Heidegger quem certa vez trouxe à tona a pergunta: “Onde estamos quando dizemos que estamos no mundo?” Neste Bolhas, primeiro volume da série, Sloterdijk oferece sua minuciosa investigação filosófico-existencial sobre o homem e sua relação com seus semelhantes e o entorno, a partir da noção de “espaços íntimos”, que seriam como “bolhas”. Constatemos que, já na concepção, o feto se desenvolve numa primeira bolha que é o útero materno. Do ponto de vista macropolítico, o homem é fadado a viver sob a égide de uma nação, um Estado – metáfora de uma eterna busca pela caverna protetora de tempos imemoriais. É essa perspectiva de partir da bolha pessoal para uma visão abrangente e generalista da existência o cerne da obra.
Filosofia