Escrito originalmente em 1978, Exílio é a história de uma busca: a procura pela mãe que se mata quando os filhos eram crianças. Partindo desse doloroso universo, Lya Luft nos apresenta uma personagem cheia de conflitos que passa a viver em função desse resgate. Guiada por um anão, que muito habilmente a autora nunca deixa revelar se é real ou alucinatório, ela procura entender que é, vivendo na Casa Vermelha, uma pensão decadente, com uma fauna de anti-heróis. Lá conhecemos as Moças apaixonadas uma pela outra; a vizinha senil; os jovens estudantes frívolos, contratando com o drama geral; o irmão louco e seu enfermeiro; a dona da pensão, que ninguém vê, conhecida por Madame, presente-ausente como a mãe da narradora. Aparentemente, os moradores da Casa Vermelha não têm ligação uns com os outros, são desgarrados que vivem ali, exilados de corpo e alma, cada um com sua pungente história pessoal. Nessa estranha e nova família, nossa personagem vai tentando se equilibrar entre a esperança frenética e o chamado das sombras: a mãe suicida, o irmão demente. Sua vida parece um espelho da Casa Vermelha, decadente e misteriosa. Nesta tragédia contemporânea, mais um drama existencial tão de seu gosto, Lya acentua seu interesse, sua compaixão, e sua perspicácia diante das dolorosas vivências humanas: a solidão, a morte, o amor, o vício, o assombramento e o desencontro.
Ficção / Literatura Brasileira