Último grande poema dos tempos modernos", no dizer de Otto Maria Carpeaux, o "Fausto" de Goethe está para a modernidade assim como a Divina Comédia de Dante está para a Idade Média. Repletos de referências aos mais diversos campos do saber, os dois textos representam não apenas a obra máxima de seus autores, mas a suma do conhecimento humano e das aspirações espirituais de suas épocas. Escrito e reescrito ao longo de mais de 60 anos, o Fausto integral - compreendendo a primeira e a segunda parte - só seria concluído às vésperas da morte do autor, ocorrida em março de 1832. Já a primeira parte da tragédia (também conhecida como Fausto I), que tem como cerne o pacto de Fausto com Mefistófeles e a conseqüente "tragédia de Margarida", foi elaborada por mais de três décadas, de 1772 a 1806, sendo finalmente publicada, com aprovação de Goethe, em 1808.
É esta primeira parte - que pode ser lida também como obra independente - que aqui se publica. A presente edição, bilíngüe, traz a elogiada tradução de Jenny Klabin Segall (livre dos vários erros tipográficos que se haviam acumulado ao longo de sucessivas reedições) acompanhada por uma esclarecedora introdução do professor Marcus Vinicius Mazzari, da Universidade de São Paulo, autor também das notas e comentários. Este volume conta ainda com o chamado "Saco de Valpúrgis" - versos bastante obscenos que deviam integrar a cena "Noite de Valpúrgis" mas que o próprio Goethe, num gesto de autocensura, deixou de fora da edição canônica de 1808, e que são agora publicados, pela primeira vez em nossa língua, em tradução literal de M. V. Mazzari.
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