Caro Leitor, você deve estar, neste momento, se perguntando sobre Filho da Noite, certo? Então... vamos lá: Desconfio que eu seja sombrio, vulgar (como sempre), lírico, erótico, engraçado, romântico (?). Desconfio que eu namore com o terror, com o suspense, com a loucura, com o estranho. Desconfio que eu tenha um final feliz. Sou um romance em duas partes que talvez se comuniquem. Filho da Noite traz uma perturbadora narrativa, cheia de detalhes, um verdadeiro delírio, ou não? O filho, o pai. O segredo, o casarão, as mãos sujas de culpa e nenhum arrependimento. Sua narrativa tem elementos de terror psicológico. Disponha-se a devorar dois livros que facilmente poderiam desmembrar-se em muitos. “Como aperitivo, adianto que a segunda parte do livro começa em clima de soft-pornô ou de romance noir. Nela, o novo protagonista parece ser dono de sua história, até cair num labirinto metafísico, espécie de looping do eterno retorno. E não me atrevo a revelar o final para não estragar a surpresa e a alegria do leitor. Toda vez que sê lê um novo livro, temos a tentação de imaginar a sua genealogia. Para ajudar a decifrá-lo, por um lado, mas também para despi-lo de sua dissonância, de sua diferença. Dentro dessa procura pela semelhança, digamos que Calloni parecia cultivar a desordem de Clarice e a liberdade linguística de Guimarães Rosa.” – Geraldo Carneiro.
Ficção / Literatura Brasileira