As cartas de direção espiritual dirigidas por Francisco de Sales à senhora de Charmoisy se transformariam em livro por sugestão do jesuíta francês Jean Fourier. Em vista da publicação, a obra passou a ter como destinatária a personagem alegórica Filoteia, cujo nome significa “amiga de Deus”, como uma representação de todas as pessoas de boa vontade, os leigos em geral, chamados à santificação pela vida ordinária e pelo trabalho cotidiano. Francisco de Sales explicita o objetivo da obra no Prefácio: “Minha intenção é instruir aqueles que vivem na cidade, no lar, na corte, e que, pela condição em que se encontram, são obrigados a ter uma vida comum, do ponto de vista exterior”. Esse projeto de direção espiritual que passou ao alcance do grande público marcou uma mudança de época e de mentalidade, uma verdadeira primavera na Igreja, para citar uma expressão cara ao papa Francisco, com desdobramentos que continuaram a produzir frutos em nossa época.
Religião e Espiritualidade