Depois que a Primeira Guerra Mundial eclodiu, a vida na rua londrina de Damley nunca mais foi a mesma. O pai de Alfie, que era entregador de leite, foi um dos primeiros a se alistar. Já o melhor amigo dele, que morava no número 16, se recusou a partir para o conflito por razões políticas e humanitárias. Por causa disso, passou a ser ignorado e desprezado por todos os vizinhos, até ser mandado para a prisão. A grande amiga de Alfie e o pai dela, que era dono da loja de doces da esquina, também tiveram de partir: acusados de ter origem alemã, foram enviados para a Ilha de Man.
A vida de quem ficou por ali também foi drasticamente afetada. Sem poder contar com o salário do marido, a mãe de Alfie passou a trabalhar longos turnos como enfermeira, lavando roupas para fora no resto do tempo. Enquanto isso, Alfie ia escondido para a estação de trem King's Cross engraxar sapatos por alguns centavos, já que, como sua mãe dizia, eles estavam "perigosamente perto da miséria."
Quando perguntava a ela por que o pai havia parado de mandar cartas, ela respondia que ele estava numa missão ultrassecreta e por isso não podia se comunicar com a família. Alfie tinha cada vez mais certeza de que, na verdade, o pai havia morrido.
Porém um dia, enquanto lustrava os sapatos de um médico, ele vê o nome do pai nos documentos de um hospital da região, especializado em pacientes com neurose de guerra. Com as esperanças renovadas, o garoto elabora um plano para resgatar o pai daquele lugar.
Mais uma vez, o autor de "O menino do pijama listrado" consegue retratar a guerra de uma maneira incrivelmente sensível pela perspectiva de uma criança. Com uma linguagem simples e comovente, John Boyne mostra o preço absurdo que os inocentes são obrigados a pagar em tempos de conflito - e como só o amor é capaz de curar os piores traumas.
Infantojuvenil / Literatura Estrangeira