Luiz Alberto Moniz Bandeira consegue empreender, em Formação do Império Americano (da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque), um estudo profundo e abrangente tanto de história como de ciências políticas, no qual demonstrou que a prática não confirmou a teoria de que o imperialismo representava "o prelúdio da revolução social do proletariado", e que estava "às portas de sua ruína, maduro até ao ponto de ceder o posto ao socialismo", tal como Lenin acreditava; foi confirmada, no entanto, a hipótese de Karl Kautsky, que previu em 1914 o advento de uma outra etapa: a do ultra-imperialismo. Tal etapa previa que as potências industriais, assim como as empresas do mercado, terminariam por se unir e formariam uma espécie de cartel, deixando de competir pelas armas; e as guerras, para o consumo do material bélico, passariam a ocorrer somente com ou nos países mais atrasados, na periferia do sistema capitalista. Orientado pelo princípio de que o conhecimento do presente depende do conhecimento do passado, ou seja, do conhecimento histórico, Moniz Bandeira analisa o processo de internacionalização/globalização do capitalismo e sua evolução para o ultra-imperialismo, sob a hegemonia dos Estados Unidos, consolidada após duas grandes guerras mundiais nas quais a Alemanha saiu derrotada e a Grã-Bretanha e a França extremamente enfraquecidas.
Com base na própria documentação americana, o autor esquadrinha as mais solertes e ilícitas manobras de líderes políticos e chefes de governo, assim como desvela conexões entre a política doméstica e a internacional nos Estados Unidos e os procedimentos adotados na formação e expansão do império. Pretextos foram manufaturados para a deflagração de guerras; a ameaça da União Soviética e do comunismo foram amplificadas sob o contexto da Guerra Fria, a fim de fomentar o armamentismo e finalmente instalar, após o colapso do Bloco Socialista, uma ditadura planetária, visando a superar a contradição fundamental entre a dimensão econômica do capital, globalizado, e a estreita dimensão territorial dos Estados nacionais. Daí a necessidade da guerra perpétua, infinita, e a relevância de se fomentar um clima de permanente intimidação e constante terror.
Geografia / História / Não-ficção