Uma artista cheia de vida, uma vida cheia de cores
A mexicana Frida Kahlo é hoje uma das artistas mais populares do mundo todo. Seus quadros atingem valores recordes, e seu rosto é reconhecido em todo o planeta. Sua curta vida, entretanto, foi fascinante e cheia de acontecimentos.
E não é para menos. Frida teve de lidar desde muito cedo com uma deficiência física congênita, e, adolescente, sofreu o conhecido acidente que quase a matou e a deixou meses numa cama, onde então começou a pintar quadros deitada, muitos deles autorretratos. Apesar da saúde fragilizada, seguiu em frente e casou-se com o grande pintor Diego Rivera, vinte anos mais velho, com quem teve uma relação intensa e turbulenta: “Sofri dois acidentes graves na vida, um em que um ônibus me jogou no chão… Outro acidente é o Diego”. Bebeu na fonte da riquíssima cultura tradicional mexicana e com roupas longas e coloridas disfarçou seu passo manco, reinventando-se constantemente como mulher e artista. Sofreu vários abortos, viu frustrado o seu desejo de ser mãe, viveu traições indizíveis, teve muitos amores – inclusive mulheres –, foi feminista numa América Latina machista, amante de Trotski, de cujo assassinato chegou a ser suspeita, e ganhou o mundo com sua arte e sua história.
María Hesse, artista gráfica espanhola, nos brinda aqui com uma lindíssima biografia ilustrada que apresenta, entretecidas, a vida e a obra de Frida Kahlo, incluindo trechos de seus diários, cartas e depoimentos. O livro revela as dores e as delícias de sua existência, mas também como usou a arte para vencer as limitações que as condições lhe impunham e reinventar o próprio existir. O resultado é uma obra poética, lapidar, que dá voz a uma das figuras mais interessantes do século XX.
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