Terrível! Ofensivo! Chocante! Belíssimo! Uma obra-prima!
“Não consigo dormir assim… Tudo vai mal… Se merda cagasse, eu seria a merda da merda…”
Esqueça o Mike Hammer, do Mickey Spillane, ou o Marv, de Frank Miller: aqui está Gilles Hamesh, o mais durão, cínico, violento e inescrupuloso detetive particular da metrópole imunda. Você ama a violência dos filmes do Tarantino? Aqui, ela é ainda mais hedionda! Você se deliciou com as cenas de canibalismo em Sin City? Aqui tem isso, mas também tem coprofilia, religião e outras das mais asquerosas perversões.
Herdeiros de Sade e Bataille, Durandur e Alejandro Jodorowsky desceram às profundezas de si mesmos para mostrar aos leitores o espelho dos abismos insondáveis da psique, em zonas extremas e perigosas.
Nem é preciso dizer que não é recomendável colocar este livro em todas as mãos, a menos que elas já estejam sujas. Jodorowsky e Durandur não poupam nem os seus personagens, nem o seu leitor, confrontando-os com as piores fossas da humanidade.
Sobre os autores: Um certo cartunista honrado e de muito bom gosto tinha medo de que sua mãe o reconhecesse na época do lançamento deste álbum ultrajante e insultuoso, por isso adotou o pseudônimo enigmático de Durandur.
Esse já não era o caso de Alejandro Jodorowsky, um dos artistas mais aclamados do Século XX: autor de A Louca do Sagrado Coração (Veneta, 2019) e da série O Incal (Pipoca e Nanquim, 2021), e diretor de tantos filmes cultuados, como A Montanha Sagrada (1973) e El Topo (1970).
Deixando de uma vez a embriaguez do cosmos mental e de seus queridos universos de ficção científica, Jodorowsky provavelmente teria ficado muito triste se não o tivéssemos reconhecido. Porque essa exploração trash da escuridão enterrada na alma humana tem tudo para deixar uma marca duradoura nos estômagos mais famintos e nos olhos mais abertos!
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