O conflito histórico denominado Guerra dos Mascates — o choque entre os interesses da aristocracia agrária de Olinda e os comerciantes da zona portuária de Recife — só veio a receber esse nome posteriormente, graças ao termo cunhado por Alencar para batizar o seu livro, cuja primeira parte foi publicada em 1873 e, a segunda, em 1874.Segundo os estudiosos da obra do autor, foi a desilusão política e a desavença com D. Pedro II que impulsionaram Alencar a escrever este romance, o qual, disfarçado numa roupagem antiga, denunciaria a situação atual do Império. Aqui, o autor adota um tom sarcástico numa fabulação que coerentemente deve ser destituída da ilusão e do vigor narrativo da história romântica, e o mundo ideal dos seus protagonistas anteriores cede espaço a um retrato desencantado da sociedade, no qual tudo é comenzinho e degradado, atingindo por vezes o cômico.“Na Guerra dos Mascates enredam-se tempos de miúdas circunstâncias: tempos de gente e feitos de pequena estatura; tempos de mesquinhos interesses; tempos em que o amor não vence tudo.O poeta é mercenário; a armadura está enferrujada; o tiro é de sal; a guerreira é velha e a donzela anda em papelotes. Tempos de escassez.” VALERIA DE MARCO em A perda das ilusões
Literatura Brasileira