À primeira vista, o enredo de Guerra e Paz relata a vida de 5 famílias aristocráticas, cujo destino se entrelaça com um grande acontecimento histórico — as invasões napoleônicas na Rússia.
Mas enquanto por um lado irrompe a tenebrosa marcha das tropas francesas rumo a São Petersburgo, por outro lado as intrigas da corte e os jogos amorosos permanecem com sua dança vertiginosa, impassível a tudo mais.
É assim que, ao longo dessa trama, Tolstói é capaz de costurar magistralmente duas faces opostas da vida humana, conduzindo o leitor desde a pilhagem das vilas e o medo perante a morte até os casamentos arranjados e a cólera dos ciúmes.
Guerra e Paz é um clássico eminentemente russo e, segundo o próprio Tolstói, impossível de ser reduzido aos lugares comuns da literatura.
Por isso mesmo, este clássico não pode ser considerado uma epopeia, nem uma crônica histórica e tampouco um romance. Ele é tudo isso e um pouco mais — inclusive uma reflexão filosófica.
Afinal de contas, ao longo desta obra, os grandes acontecimentos históricos são apenas a superfície de uma trama que nos conduz sempre de volta à vida mesma, com os acidentes e as preocupações do dia-a-dia.
Com isso, Tolstói deixa subentendida uma nova visão da história, cujo centro não são os grandes heróis, nem os chefes de estado, nem mesmo a raça ou o clima, mas um conjunto indefinido de ações que tem origem na vida de cada pessoa e no seu modo de ver o mundo.
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