Estas mulheres da Idade Média, a quem senhores, esposos e censores negam a palavra com tanta constância, deixaram afinal mais textos e ecos da sua palavra do que vestígios propriamente materiais. O milénio que este volume aborda deixa, no seu início e no seu final, passar, um pouco mais segura, a própria palavra das mulheres, apesar de ser necessário apurar o ouvido para a apreender, como que em surdina, no clamor imenso do coração dos homens.
O seu discurso, os seus testemunhos ou o seu grito permitem-nos simplesmente perceber como amadureceram nelas os modelos que directores de consciência ou senhores do saber lhes impunham, as imagens que os homens lhes reenviavam a partir delas mesmas, por vezes a sua recusa dessa visão deformada, e sempre a maneira como essas imagens se inscreveram na sua vida e na sua carne.
História / História Geral