Durante mais de três séculos, de um extremo a outro da Europa, mulheres e homens acusados de feitiçaria contaram que haviam se reunido no sabá, encontro noturno em que, na presença do diabo, celebravam-se banquetes, orgias sexuais, cerimônias antropofágicas, profanações de ritos cristãos. Nessas descrições, muitas vezes obtidas sob tortura, hoje se tende a reconhecer o fruto das obsessões de inquisidores e juízes. Carlo Ginzburg, porém, propõe uma interpretação diferente: por trás da imagem enigmática do sabá, vemos aflorar pouco a pouco um estrato antiqüíssimo de mitos e processos de exclusão social: trata-se de uma história noturna, desconhecida - de uma viagem ao mundo dos vivos e dos mortos, à esfera do visível e do invisível.
História