No final dos anos 70, ainda durante a ditadura militar, poucos estudos sobre o livro didático (LD) estavam sendo realizados. Neste período, Ana Lúcia, pedagoga, fez sua tese de mestrado analisando - à luz do 1º volume d´O Capital - o conceito de trabalho veiculado nos LDs da 2º, 3º e 4º séries. Talvez hoje a fizesse diferente. No entanto, com dez edições já lançadas, este livro (resumo de sua tese) continua contribuindo para a formação dos educadores, já que este recurso didático ainda constitui um instrumento de trabalho da maioria dos professores. A análise do LD sob o enfoque marxista permite aos educadores uma reflexão sobre o distanciamento entre discurso/realidade, extremamente oportuna para aqueles que pretendem melhorar a prática pedagógica. As entrevistas realizadas com as crianças (de escolas públicas) que utilizam os LDs analisados e com as crianças de escolas privadas que não os utilizam "ilustram" o antagonismo discurso versus realidade fortemente acentuado nos LDs adotados durante a ditadura.