Este estudo mostra a necessidade de situar os sacramentos no horizonte dos ritos religiosos de toda a humanidade. Pretende identificar a origem dos sacramentos não primariamente nas palavras, e sim nos gestos proféticos do Jesus histórico. Quer igualmente redescobrir o papel essencial do Pai e do Espírito Santo nos sacramentos, em contraposição a uma visão unilateralmente cristocêntrica, e iluminar o nexo entre a graça sacramental e o estilo de vida ético a ser adotado pelos cristãos na sociedade. Para responder à objeção de que os sacramentos são estranhos ao compromisso moral dos cristãos na sociedade, cada parte deste estudo começa com reflexões fundamentais, inspiradas de modo especial na etnologia e na sociologia religiosa. Para enfrentar a crítica segundo a qual os sacramentos obrigam a uma atitude de obediência passiva, mais do que a uma liberdade criativa, este estudo recorre à hipótese da semelhança entre a índole dinâmica dos gestos rituais realizados pelos profetas de Israel e os gestos do Jesus histórico. A liturgia sacramental é vista como um envolvimento contínuo dos cristãos nos atos proféticos de Jesus, de modo que ela possa ser vivida como um acontecimento extraordinário na história pessoal, criadora de comunidade sincera, propícia à metanóia e prefiguradora de nossa inclusão no Reino de Deus.
Filosofia