O título da obra do cardeal Ratzinger, escrita antes de ele ser eleito Papa Bento XVI, recorda a famosa obra de Romano Guardini que, nos primeiros decênios do século passado, deu origem ao movimento litúrgico. Seguindo os passos do predecessor, o cardeal Ratzinger pretende ajudar os fiéis, que se tornaram inseguros depois de décadas de experimentações pós-conciliares, a olhar para a fonte escondida da vida eclesial. Aqui se desenvolve a ação litúrgica que nos sacramentos, particularmente na Eucaristia, permite tomar parte na ação salvífica de Cristo. Esta tem dimensão universal, pela qual os fiéis podem dar voz à liturgia do cosmo, unir suas vozes aos justos do Antigo Testamento e elevar, junto com os redimidos, o canto de louvor ao Cordeiro (Ap 15).
No estilo próprio do autor, a obra abre ao leitor grandes espaços de contemplação, mas não carece de motivos polêmicos, propostos com a habitual franqueza. Pela clareza da escrita e pela profundidade do pensamento, Introdução ao espírito da liturgia se apresenta como uma das obras mais interessantes não só do cardeal Ratzinger, mas de toda a produção religiosa dos últimos anos.