Nesta Introdução à Filosofia, que escreveu a pedido das mais altas autoridades da Igreja, Maritain dá a medida do seu gênio, criando um novo método de apresentação da filosofia de S. Tomás, perfeitamente adaptado às aspirações e também às deficiências do nosso tempo. Encarregado de escrever um tratado completo de filosofia, Maritain julgou útil romper com a didática consagrada, que inicia a matéria pela Lógica, apresentando em seguida seja a Metafísica, seja a Filosofia Natural. Este processo é coupo psicológico, e corre o risco de deixar o aluno muito tempo privado de uma visão de conjunto que unifique os problemas. Pior ainda, corre-se o risco de ter auditório indiferente e frio, compenetrado da "inexistência" de problemas propriamente filosóficos. Por isso Maritain estendeu de modo desusado a Introdução, fazendo dela este admirável livrinho.
Ele priva-se assim do recurso fácil, hoje demasiadamente na moda, de tornar "interessante" a filosofia tornando-a "dramática". Para ela tal recurso seria a corrupção mesmo da natureza puramente intelectual e rigorosamente científica e demonstrativa da sabedoria racional que aprendemos a cultivar sob o nome de Filosofia. A Filosofia penetra em todos os dramas, guardando porém a mais pura objetividade de visão, conservando a mais segura tranquilidade do olhar da inteligência. sua argumentação pretende à universalidade e dirige-se à razão, visando um coação que provenha somente da luz objetiva da evidência. Essas qualidades são preciosas de mais para que Maritain se resolvesse a sacrificá-las, introduzindo o "drama" e a subjetividade na própria contextura do método filosófico.
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