No Antigo Regime, que engloba do século XVI ao XVIII, a França chegou a ser a nação mais povoada da Europa, com 20 milhões de habitantes em meio milhão de quilômetros quadrados. Caracterizada por diversos elementos medievais, sua força residia na importância da produção agrícola, fruto do trabalho das massas camponesas, que representavam quatro quintos da população e estavam alijadas do poder político. Roger Chartier analisa justamente como diversos textos do período atravessam as rígidas fronteiras sociais estabelecidas pelo Antigo Regime. Enfoca as palavras proferidas publicamente e depois fixadas na forma escrita e os textos apreendidos pelos leitores graças à repetição de falas em voz alta, como em manifestações populares ou cultos religiosos. O intelectual francês mostra, portanto, que a cultura escrita influencia mesmo aqueles que não produzem ou leem textos, mas interagem com eles em cerimônias religiosas e inscrições, bandeirolas e cartazes em festas urbanas.