O que se pode inferir ao longo desses anos é que os sonetos escritos por Vinícius de Moraes acabaram por formar um acervo em tudo singular no quadro da moderna poesia brasileira. Eles chamam a nossa atenção pela carga emotiva que encerram, mas impressionam igualmente igualmente pela austeridade formal. Desse modo, a extraordinária beleza dos versos parece nascer, em grande parte, dessa aliança, em que a densidade reflexiva e o virtuosismo sintático se afirmam como expedientes de controle da efusão sentimental.
Em seu prefácio à primeira edição do Livro de sonetos, Otto Lara Resende observa: “Os sonetos, como certas aves, estimam andar em bando, juntos, para juntos enfrentarem os riscos de serem abatidos, quero dizer: de serem lidos, amados e decorados”. Nesse sentido, é surpreendente que a popularidade de alguns sonetos de Vinícius não os desgasta; ao contrário, é como se a notoriedade testemunhasse e, simultaneamente, acentuasse a vibração que salta deles.
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