Dentre as virtudes que todo homem deve viver, há uma, prosaica, envergonhada, que é a chave das outras, vistosas e muito cotadas: chama-se modestamente ordem. É como essas estacas fundas que sustentam o edifício. Seu destino é enterrar-se, aguentar sem aparecer; se alguma vez aparece, é porque o edifício desabou. É uma virtude humilde e, na bolsa dos valores humanos, humilhada, depreciada: parece estribilho para meninos e meninas de colégio, não para homens feitos. E, no entanto, sem ela nada persiste, tudo cai, mais cedo ou mais tarde, e amontoa-a como entulho feio e incômodo em terreno baldio.
Religião e Espiritualidade