Espaços coloniais é obra valiosa, antes de tudo porque os estudos nela reunidos adotam a perspectiva de história global no estudo das territorialidades coloniais construídas a partir do século XV. Um processo resultante da expansão marítima ibérica que, para dizer o mínimo, conectou os continentes do planeta. Como têm demonstrado faz tempo os pesquisadores de história moderna, a Europa então deslanchou um processo de globalização substantivo e alargado, viabilizando uma economia planetária e uma interconexão formidável no campo das culturas do mundo, até então quase isoladas.
O livro expõe diversas faces desta globalização, problematizando o modo pelo qual as diversas espacialidades se articularam na “primeira modernidade”. O foco recai nas articulações entre territórios e culturas do mundo atlântico, em especial as controladas pelos reinos ibéricos. O conceito de fronteira é caro a diversos autores e, no caso do Brasil colonial, envereda pelo estudo dos sertões coloniais e do bandeirantismo. A perspectiva sociológica é transversal, abrangendo desde o cotidiano dos escravos aos dilemas dos juristas ibéricos. A presença de estudos sobre a América Hispânica é outro destaque da obra. O diálogo com os historiadores mais antigos é notável. É obra que põe em cena a colonização ibérica em perspectiva comparada, abrindo caminho para novas pesquisas.
Ronaldo Vainfas
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