O Sol dos Dias é um livro iluminado, mas não espere o leitor que a apreensão dessa luz ocorra na superfície das coisas. O sol que a escrita de Taylane alcança é anterior à palavra. Tecer seu reflexo sutil é arte de filigranas, fios entrelaçados como uma ourivesaria a céu aberto – linguagem – em busca de uma unidade capaz de arquitetar o dia, na sua plenitude humana. A dimensão que os personagens assumem nos contos é surpreendente. Todos eles estão inseridos em um cotidiano extraordinário e se movem sob uma margem, construída por fios humanos atados à palavra. Seres flutuantes, retidos numa película quintessenciada pela incidência da luz. Taylane, com sua escrita solar, é capaz de jogar luz sobre assuntos delicados e doloridos de uma forma a torná-los contundentes, menos pelo punhal que fere e mais pelo amor que habita em todas as coisas. Como uma oferenda, esse livro entrega o milagre da arte que o cotidiano consente.[Maruze Reis]
Contos