Em Modernidades negras, Antonio Sérgio Guimarães combina — como é próprio de sua obra — clareza teórica, erudição bibliográfica, evidência empírica, perspectiva histórica e engajamento antirracista. Em resumo, muita pesquisa é aqui apresentada.
Concebido num estilo fluido, direto e didático — enfim, bem escrito —, aprendemos neste livro sobre o disputado lugar, em geral subalterno, do negro na formação da modernidade brasileira, uma história cheia de ruídos e silêncios que se desdobra ao longo do conflituoso século XX e penetra o século incerto em que vivemos. O leitor encontrará aqui pensadores, políticos e militantes brancos e negros, brasileiros e estrangeiros, suas inspirações e aspirações intelectuais, morais e ideológicas, suas muitas leituras do mundo, enfim, o amplo leque de ideias e intervenções em prol ou em prejuízo da emancipação racial não apenas no Brasil, mas no conjunto do continente americano. Encontrará também o lugar e o significado, em diversos contextos, de expressões consagradas do debate racial, como preconceito, discriminação, raça e racismo, mas com destaque especial para a tortuosa e controversa trajetória da ideia de democracia racial, que variou segundo diferentes vozes, momentos e objetivos.
O autor nos ajuda a entender, de maneira brilhante, a história política, intelectual e institucional do último século pelo ângulo racial — e por esta e outras razões o livro constitui uma arma potente para combater o racismo cada vez mais acirrado que o Brasil atual revela a cada dia.
História / Não-ficção / Sociologia