Ao demonstrar, baseado em farta documentação e análise de dados, que o capitalismo acabou por se tornar o único sistema econômico vigente no planeta após séculos de convivência ou rivalidade com outros modos de produção ― com destaque para o feudalismo e o socialismo ―, Branko Milanović não só responde a essas e outras tantas perguntas, como também oferece uma visão absolutamente original sobre a evolução das sociedades comunistas no Leste Europeu e em outras partes do mundo, com destaque para a China ― gigante mundial que constitui hoje, na análise do autor, o exemplo maior do que ele chama de capitalismo político, em contraposição ao capitalismo meritocrático liberal representado, em especial, pelos Estados Unidos. Para Milanović, se a classe burguesa ascendente operou desde o fim da Idade Média a passagem do feudalismo para o capitalismo nos países mais avançados da Europa (e sua expansão posterior para outros continentes), foi o comunismo que, em várias partes do chamado Terceiro Mundo, acabou por desempenhar esse papel histórico transitório, para depois se extinguir como modo de produção. Com erudição e didatismo, Milanović mostra as diferenças entre os dois capitalismos predominantes, as formas como se relacionam entre si, de que maneiras se constituem suas desigualdades internas e como eles se manifestam, com características próprias, em todas as regiões do globo. Ao esmiuçar a formação e a reprodução intergeracional das mazelas econômicas e políticas do capitalismo ― em suas duas vertentes principais ―, bem como os riscos que lhe são inerentes, o economista aponta medidas capazes de reduzi-las, explorando e potencializando, assim, os inegáveis e consistentes traços positivos deste que se tornou indefectivelmente o único sistema econômico existente em nosso planeta.
Economia, Finanças / Geografia