A proposta de tocar vez a vez em temas percorridos ao longo dos livros de Bergson, cercando de perto os pontos essenciais das análises a que os temas foram submetidos, se mostra muito acertada. Ela permite ao leitor acompanhar o movimento em espiral que gira em torno do mesmo fenômeno, a temporalidade, segundo contextos diversos de sua manifestação, e o aprofunda, aproximando-se do que é em última instância um núcleo inefável. Trata-se de seguir as consequências, filosóficas e vitais, da redescoberta do tempo como duração, isto é, do ininterrupto “advento de novidade” que é o real e que, por isso mesmo, garante a dimensão de contingência e imprevisibilidade do futuro. Pensar em duração consiste, portanto, num modo especial de fazer filosofia, cuja potência crítica e positiva ainda está por ser explorada. Encontramos, no livro em mãos, uma excelente apresentação do filósofo, cuja função, preparada com cuidado e dedicação, será certamente cumprida, projetando mais e melhores leitores dessa obra tão essencial.
Filosofia