Não foi ao acaso que só encontrei um ponto de interseção entre farejar, mulheres e intuição após um longo tempo de pesquisa. Foi mais de uma década unindo contos de fadas, teoria de variados filósofos, tempos históricos, artes plásticas, jornais antigos e uma visão dos últimos estudos científicos sobre olfato. Por fim, para dar conta de objeto tão mágico, o conhecimento acadêmico precisou ser inebriado pela intuição e por uma pitada de imaginação.
Cheiros nos fazem imaginar e ir muito além do que pensamos que podemos. Desta forma, a partir de agora peço licença para escrever não como a cientista Palmira, mas como a sonhadora Palmira. E se pairar a dúvida de que imaginar e se deixar levar pelo rastro de um perfume é uma forma de saber, transcrevo uma frase de Albert Einstein publicada em seu livro Sobre religião cósmica e outras opiniões e aforismos, de 1931. “Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro, estimulando o progresso, dando à luz à evolução. Ela é, rigorosamente falando, um fator real na pesquisa científica”.
Por fim, este livro é um grito contra o fascismo que não nos permite experimentar a poética dos sentidos. O fascismo silencia os nossos cantos, não nos permite ouvir poesia nem ler nossos livros, censura nosso florescer e o exalar de nossos cheiros tão maravilhosamente coloridos. O fascismo emudece o cérebro e adoece a alma.
Literatura Brasileira