Então quem domina o sentido de um texto? É o autor? o Editor? O corretor? O compositor? Ou o leitor?
A mobilidade da significação é outra razão da instabilidade dos textos. Borges atribuiu as mutações das maneiras de ler às variações dos sentidos das obras.
A questão essencial que aqui se coloca é a do processo pelo qual os leitores, os espectadores e os ouvintes dão sentido aos textos de que se apropriam.
Infelizmente, o mundo digital favorece outra leitura: a apressurada, que deseja chegar o mais rápido possível à conclusão da análise e ao desenlace da narração. A lógica de aeleração caracteriza particularmente a relação dos leitores nascidos no mundo digital com todos os objetos culturais, não só os livros, mas também as séries e os filmes, olhando no dobro da velocidade normal, ou ainda as faixas de música reduzidas a um minuto. Esses usos impacientes se encontram associados com a falta de questionamento da veracidade dos conteúdos transmitidos. Desafiam as operações mais lentas do conhecimento crítico necessário para a compreensão tanto do presente como do passado. Assim, as leituras dos textos breves das redes sociais definem o padrão de qualquer leitura. A digitalização de todas as práticas e relações sociais impõe uma ubiquidade da escrita e da leitura sobre as mesmas telas (do computador, do tablet tátil e do smartphone) e nas mesmas formas discursivas breves, segmentadas e maleáveis.
História