"The Wrong End of Time", 1971. O próximo volume da Colecção Argonauta é um romance de John Brunner, o que significa um bom romance. Brunner é aliás, um escritor bem conhecido dos nossos leitores. Dele se publicaram, na Colecção Argonauta, os excelentes textos de A Terra dos Sonhos Felizes (nº180), O Mundo dos Homens Perfeitos (nº202), Os Dramaturgos de Yan (nº205) e Eclipse Total (nº221). O seu prestígio como prosador e como ficcionista está de facto há muito perfeitamente estabelecido e é, no momento, um dos grandes representantes das modernas tendências da ficção-científica.
O Erro do Tempo, sendo embora uma obra de pura fantasia e de pura antecipação, não deixa de encerrar um profundo valor de meditação e de bom senso, ensaiando previsões que o futuro poderá um dia justificar, senão realizar. É, assim, um romance de duplo valor, tanto pela forma como foi concebido - ombreando com as ficções mais célebres - como pelas intenções que o caracterizam, impondo-se a todos leitores, mesmo aos mais cépticos ou aos que só procuram, na ficção-científica, um meio de evasão ao quotidiano. O Erro do Tempo poderá ser, não obstante, o quotidiano de um futuro que se aproxima de nós a passos acelerados e que encerra, nas suas ambiguidades, possibilidades e mistérios, as mais diversas hipóteses.
Os leitores de O Erro do Tempo vão encarar um texto profundamente sério, aberto a diversas leituras e fruto de variadas intenções. A especulação ambígua que permite é - para lá do campo onde se limita a intriga - uma das suas mais notáveis qualidades. Qualidades que se espera venham a ser devidamente apreciadas e justamente distinguidas.