"Bugs", 1989. John Sladek, o célebre autor de The Muller-Fokker Effect, foi um dos inovadores da ficção-científica, uma das principais figuras do movimento New Wave e da revista New Worlds, e é um dos mais traduzidos. Bugs é uma das suas obras mais recentes e mais plenas da sua fina ironia: a história de um inglês perdido na América da alta tecnologia.
Fred Jones é um escritor de bolsos vazios que vai para o outro lado do Atlântico na ânsia de os encher. Em vez do que esperava, encontra um mundo em que tudo está à venda. Em Las Vegas encontra um assassino; em Nova Iorque é preso por assassínio; no Minnesota dá consigo a construir um robot para o Exército. Tudo muda sob os seus olhos, desde as banheiras à cibernética, num mundo onde até os restaurantes são desmantelados enquanto ele come, um mundo onde as pessoas ou tentam assassiná-lo ou lhe dão dinheiro sem ele saber porquê ou para quê, e onde até os robots concedem entrevistas às ocultas.
Bugs é uma obra invulgar, hilariante e assustadora, uma obra que só John Sladek podia conceber.
Nota do Tradutor:
O texto original desta obra, inclui diálogos entre personagens cujo domínio da língua inglesa (tal como é falada na América) é mau, ou até mesmo péssimo.
Inclui até personagens de outra nacionalidade que não a americana que falam mau inglês. É o caso de KK, a agente do KGB que tenta fazer-se passar por escocesa.
Por outro lado, figuram também no texto transcrições de documentos redigidos em mau inglês (e.g. as cartas-circulares dirigidas sistematicamente ao personagem principal, Fred). Cá com lá, tais documentos não costumam primar pelo bom estilo e, com frequência, incluem até erros gramaticais primários.
Procurar verter em bom português esses pedaços de má "literatura" iria, no entender do tradutor, distorcer eventualmente o sentido do texto e fazer perder trocadilhos e subtilezas, preciosos pela sua intenção crítica.
Assim, optou-se pela redacção em "portugalês", contendo erros e imperfeições de estilo aos quais, ao fim e ao cabo, todos estamos habituados na vida real. Se se exagerou, o Leitor e a Crítica o dirão.
Ficção científica