[Letras Rio-Grandenses 4] "Este é o universo de Eduardo Guimaraens (1892-1928) — depois de freqüentar Baudelaire e Mallarmé, retorna a Dante; caminha entre livros como o florentino passava pelos condenados do Inferno. Os círculos infernais, em que homens de todas as idades se encontram, abolindo tempo e espaço. Com o mesmo desembaraço, Eduardo passa do século XIX de Baudelaire ao século XIII de Dante, sem esquecer os poetas da modernidade; acomoda-os todos, demiurgicamente, no mesmo círculo — condenados pelo mesmo mal. (...) O discurso paradoxal de Eduardo Guimaraens rebenta em lugar próprio ao acontecer na época das grandes transformações por que passa o Estado. Estas, abrindo as fronteiras entre os versos e o que os circunda, propiciam a poetização da vida e a vitalização da poesia. Diabolicamente insolente levanta-se a sublevação do poeta contra toda fixidez autoritária. As profundezas são as do inferno em que o rosto angelical de Beatriz convive com a escória. O crepúsculo e a noite revestem o universo e deitam véus sobre os versos. Os poemas desfilam como corpos opacos e paradoxais em protesto contra a razão esclarecida, dominadora, ordeira, sensata".
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