Escrita na segunda metade do século XIV, esta história dos reis magos da autoria de João de Hildesheim (a quem se atribui a criação da lenda dos Reis Magos), um monge carmelita de vasta cultura, é um documento exemplar da literatura e da historiografia medievais. Com efeito, ela marca o ponto de confluência de um vastíssimo património de conhecimentos de carácter documental e lendário criado ao longo dos séculos precedentes que Hildesheim utiliza exaustivamente e refunde, dando origem a uma narrativa muito espontânea, fresquíssima, rica de episódios fantásticos e calor narrativo. O O Autor não tem a preocupação de apresentar análises críticas meticulosas; importa-lhe antes elevar os acontecimentos da crónica - a partir de uma perspectiva terrena - a sinais da presença de Deus inseridos no tempo. As acções dos homens e os próprios objectos tornam-se, assim, instrumentos de uma ordem providencial que lhes predispõe a função e o destino na trama de uma história sagrada e eterna cujos elementos são, ab aeterno, pré-ordenados tendo em vista o Mistério da Encarnação do Senhor.
O dispositivo iconográfico que acompanha o texto de Hildesheim utiliza a grande tradição figurativa medieval e não só nos permite perceber até que ponto este texto terá contribuído para inspirar a iconografia cristã como nos leva a reler algumas obras com um olhar novo e menos redutor.
Artes / Aventura / Comunicação / Contos / Crônicas / Ensaios / Entretenimento / Fantasia / Ficção / Filosofia / História / Não-ficção / Poemas, poesias / Religião e Espiritualidade / Suspense e Mistério / Fábula