Em O amor de si, Carlos Augusto Nicéas parte das descrições freudianas de um fenômeno denominado “narcisismo” e apresenta a importância da discussão entre Freud e seus contemporâneos na elaboração desse fenômeno. Segundo Nicéas, Freud reconhece o narcisismo como uma etapa fundamental do processo de constituição do eu. Em seguida, resgata a importância da dimensão do imaginário na psicanálise e observa, ainda, que o narcisismo propõe questões importantes para a relação entre analista e paciente. Em um tempo no qual a própria imagem no espelho parece ter ser tornado a referência suprema, é interessante nos debruçarmos sobre o narcisismo em Freud. Este livro nos abre a possibilidade de observar a sociedade na qual estamos imersos e ver como esse fenômeno, ao se tornar provavelmente a estrutura psíquica dominante na atualidade, resulta em laços sociais limitados. Mesmo estando bem acordados e livres de qualquer doença orgânica, nossas relações tendem a seguir o “modelo narcisista” – ser amado primeiro para amar depois – e a ficar restritas a ele, atendendo às demandas da “coerência narcisista” que se potencializam a cada compartilhamento de fotos nas redes sociais. Depois de décadas (desde sua publicação, em 1950) relegado pela maior parte dos psicanalistas ao papel de “achado arqueológico” na história da psicanálise, o texto de Freud intitulado Projeto para uma psicologia científica é retomado nos anos 1990 como um escrito-chave quando se trata de aproximar a biologia à psicologia.
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